Friday, April 4, 2008

Velho e sozinho


Velho e sozinho.
Ali permanece, um banco de jardim, cansado de chuvas torrenciais, de sóis abrasadores os quais já nem a árvore consegue atenuar. Mas é muito mais que um banco de jardim. É um conjunto de memórias, de conversas, de lágrimas, sorrisos, abraços, de amores proibidos, de mãos enlaçadas aquando de um pôr-do-sol.

De repente, já não está sozinho com os seus pensamentos.
Senta-se uma rapariga, talvez triste ou perdida, como tantas vezes nós andamos pelas estradas da vida com bagagens tão pesadas como os sentimentos, as preocupações…e chora, ninguém sabe porquê. Talvez saiba o banco, que parece chorar juntamente com a rapariga. Os anos ensinaram-no a ler mentes, talvez por isso chore também.

E somos nós também como bancos de jardim, à espera de alguém que entre na nossa vida para a mudar, para nos fazer sentir menos sós perante o mundo, quando já não temos nenhuma árvore para nos proteger.

E a rapariga continua o seu caminho. O banco já não chora. Apenas permanece ali, à espera,
Velho e sozinho.

No comments: