Olha para a paisagem modelada pelo tempo. Não a reconhece apesar de ter sido parte da sua vida, cenário de sorrisos, abrigo de lágrimas e tristezas.
Olha novamente para a paisagem, mas não a reconhece. É como se não fizesse parte de si, até porque na sua mente já nada é claro, apenas vê com nitidez o vazio do passado.
E dói para a jovem que a rodeia. Dói porque já não se reconhece a si, nem a todos os que um dia a fizeram feliz.
E a jovem senta-a perto dessa paisagem, com esperança que surja uma réstia de lembrança do que já foi.
E interroga-se. De que vale ser jovem e viver, se iremos esquecer tudo o que foi belo, tudo o que deu sentido à nossa vida. Iremos apenas ficar ao lado de um desconhecido que outrora conhecemos tão bem.
E espera, desespera. Não era suposto ser assim.
De que nos vale termos um corpo se as memorias, a vida ficou guardada numa gaveta da qual perdemos a chave, à qual não conseguimos aceder.
É precisa força para continuar, é preciso esse desconhecido ao nosso lado para nos fazer continuar, é preciso um papel de cenário da nossa vida para a tornar mais familiar.
É este o futuro para o qual as memórias se parecem ter antecipado. Será que o nosso futuro nos será familiar?
Saturday, April 12, 2008
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