Friday, April 18, 2008

Ele e o Abismo

Ali. Ele e o abismo. Como dois amigos prestes a tornarem-se inseparáveis. Estavam ali ambos tão perto, e ele queria tanto mergulhar nesse abismo de incerteza, por termo a uma vida de sofrimento, a uma vida que lhe parecia sem sentido. Será que vale a pena?

É esse abismo que vive em muitos de nós, como um amigo traiçoeiro que quando estamos tristes não nos dá a mão, mas leva-nos a cometer as mais absurdas loucuras.
É esse amigo que não lhe iria mostrar essa mão.

Não há vidas sem sentido. Todos nós sofremos, talvez todos os dias. A cada dia que passa alguém nos mata um pouco. Mas não importa, porque há coisas que valem mais que esse assassínio constante da vida. Há amigos, sorrisos, brincadeiras, abraços verdadeiros e mãos que estão lá para nos segurar quando o maior dos abismos se parece abater sobre nós.

Será que ele ainda quer saltar? Será que o vão fazer saltar?

Ninguém sabe. Talvez porque também não querem saber.

Temos sempre o amanhã para descobrir.

Falta-me...

Falta-me tempo para sorrir.
Faltam-me noites de Verão para contar as estrelas.
Faltam-me escalas para medir o teu brilho.
Faltam-me palavras para exprimir.
Faltam-me cores para te pintar.
Faltam-me meses de Verão para te ter aqui comigo Li.
Faltam-me manhãs para abrir a janela e sorrir.
Faltam-me tempo para sonhar.
Faltam-me céus azuis para voar.

Não desisto. Não desisto agora.

Já não tenho ontem, ainda não tenho o amanhã.
Tenho o aqui e agora, e estou a desperdiçá-lo com palavras inúteis que ninguém vai ler e perceber, que ninguém vai sorrir ao ler, enquanto que podia fechar os olhos e sonhar, ou abri-los para o mundo e sorrir.

This is your life, are you who you wanna be?

Let me take you there…

Uma folha agita-se levemente na árvore, como se o vento fosse a sua melodia favorita. E solta-se, como se essa melodia a levasse a voar, a sonhar mais alto. Mas não. Está lá a gravidade para destruir esse seu sonho, que nem essa melodia consegue alimentar. E cai. Olha do chão para a árvore que já não consegue alcançar, à qual já não pertence. Pertenceu ao sonho, por breves momentos, esse sonho que se desvaneceu como a melodia que já não a embala. E estagna, como a sua vida que já não mais é comandada por um sonho, mas pela resignação.

É por isso que ela o quer levar para a Lua, onde não há gravidade para lhe por os pés no chão, lhes tirar esse sonho do qual ele é a melodia favorita. E é essa melodia que quer ouvir eternamente, entoada pelo silêncio.

Será que te posso levar onde quero? Será que posso levar as minhas palavras onde quero? Ela escreve no papel as suas esperanças, talvez vãs, mas sentidas. Verdadeiras. Fecha os olhos e vê-se noutro lugar. Esse lugar onde há respostas para as perguntas, onde nada consiga ofuscar o brilho dele. Esse brilho que não é de estrela, mas um brilho especial, interior, dele. Esse lugar conhecido por eles apenas: ele e ela, sem palavras, só com o silêncio que não lhes pertence mas que os engloba nesse lugar só deles. Sem abismos. Esse local onde podem ficar como duas crianças que não se preocupam com o mundo, com o que lhes é extrínseco. Apenas ali, eles e o silêncio. Abraçados, não pensam, apenas sentem esse lugar que os envolve, onde podem ficar para sempre ali.

“I know a place that we can go to, a place where no one knows you. I know a place that we can run to. Let me take you there, I wanna take you there…” Plain White T’s

Tuesday, April 15, 2008

Tão perto...

...mas sempre tão inalcansável.

Saturday, April 12, 2008

Is this a new year, or just another night?

É assim. Ele pára o seu mundo e perde a noção de tudo, até do seu próprio nome, sim, porque apenas ecoa o dele na sua mente. E é isto a liberdade sem asas, é apenas a vontade de voar mais alto, de o poder alcançar.

E corre, sem destino, sem preocupações. Apenas corre porque sabe o que tem de alcançar, sem se perder do mundo. De qualquer maneira o seu mundo já se encontra parado.

E corre, mas podia escrever o que sente num papel rebuscado de coisas sem jeito, mas não. As histórias são mais belas na nossa mente, onde podemos recriá-las, revivê-las como se da primeira vez se tratasse.

E observam-na atentamente, quase com desdém, porque corre, porque ao contrário do resto do mundo não permanece parada, mas corre, sim corre porque sabe o que quer e não tem medo de o alcançar.

Don’t let go

Ele permanence sentado, à espera de tudo e de nada. De um tudo que tarda e o nada que o preenche nesse vazio de sonhos. Não sabe que o mundo gira, que o mundo dela gira à sua volta, que corre para o abraçar. Não, não sabe. Mas cai, suavemente, aquela lágrima que teimava em reprimir. Uma lágrima de saudade, uma réstia desse nada que já foi sonho, um pedaço do seu mundo ao contrário.

Não corre, não tem forças para alimentar o que pensa ser um sonho. Não sabe que ela o ama, não sabe que ela corre para limpar a sua lágrima.

Sentado à beira-mar inspira a pureza, ouve os passos dela pelas ondas…mas não os decifra. Talvez seja melhor assim, talvez ela o consiga alcançar.

Não sabe,

Ninguém sabe, apenas vinga a vontade do mundo na fragilidade humana perante os desafios.

Será que ela correrá até ao fim?

Será que ele esperará sem saber?

E haverá um dia assim?

Is this what they call freedom?

Olha para a paisagem modelada pelo tempo. Não a reconhece apesar de ter sido parte da sua vida, cenário de sorrisos, abrigo de lágrimas e tristezas.
Olha novamente para a paisagem, mas não a reconhece. É como se não fizesse parte de si, até porque na sua mente já nada é claro, apenas vê com nitidez o vazio do passado.

E dói para a jovem que a rodeia. Dói porque já não se reconhece a si, nem a todos os que um dia a fizeram feliz.

E a jovem senta-a perto dessa paisagem, com esperança que surja uma réstia de lembrança do que já foi.

E interroga-se. De que vale ser jovem e viver, se iremos esquecer tudo o que foi belo, tudo o que deu sentido à nossa vida. Iremos apenas ficar ao lado de um desconhecido que outrora conhecemos tão bem.

E espera, desespera. Não era suposto ser assim.
De que nos vale termos um corpo se as memorias, a vida ficou guardada numa gaveta da qual perdemos a chave, à qual não conseguimos aceder.

É precisa força para continuar, é preciso esse desconhecido ao nosso lado para nos fazer continuar, é preciso um papel de cenário da nossa vida para a tornar mais familiar.

É este o futuro para o qual as memórias se parecem ter antecipado. Será que o nosso futuro nos será familiar?

Friday, April 4, 2008

Velho e sozinho


Velho e sozinho.
Ali permanece, um banco de jardim, cansado de chuvas torrenciais, de sóis abrasadores os quais já nem a árvore consegue atenuar. Mas é muito mais que um banco de jardim. É um conjunto de memórias, de conversas, de lágrimas, sorrisos, abraços, de amores proibidos, de mãos enlaçadas aquando de um pôr-do-sol.

De repente, já não está sozinho com os seus pensamentos.
Senta-se uma rapariga, talvez triste ou perdida, como tantas vezes nós andamos pelas estradas da vida com bagagens tão pesadas como os sentimentos, as preocupações…e chora, ninguém sabe porquê. Talvez saiba o banco, que parece chorar juntamente com a rapariga. Os anos ensinaram-no a ler mentes, talvez por isso chore também.

E somos nós também como bancos de jardim, à espera de alguém que entre na nossa vida para a mudar, para nos fazer sentir menos sós perante o mundo, quando já não temos nenhuma árvore para nos proteger.

E a rapariga continua o seu caminho. O banco já não chora. Apenas permanece ali, à espera,
Velho e sozinho.
Hoje, sempre...nós.

adoro.te, tanto @ =$